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Que razão pode haver para um homicídio? Fiódor Dostoiévski explora esta questão em Crime e Castigo, publicado pela primeira vez há 150 anos.
Sobre o livro
“Crime e Castigo é apenas um romance criminal. No centro da ação está um mistério que é gradualmente desvendado. Mas existe maior mistério do que a verdade?”
Franz Kafka
“No romance de Dostoiévski há muitas, muitas palavras e todas têm uma função.”
Alfred Hitchcock
“Uma obra literária pode interessar-nos por várias razões – tema, situações, personagens –, mas interessa-nos acima de tudo por encerrar a arte. É a presença da arte em Crime e Castigo que nos comove profundamente, ao invés da história do crime de Raskólnikov.”
Boris Pasternak
Em agosto de 1849, Fiódor Dostoiévski é condenado à morte. O crime? Ler e distribuir literatura subversiva e contrária aos princípios do Império Russo. Meses depois, apresenta-se perante um pelotão de fuzilamento. É vendado e amarrado a uma estaca. Mas a temida explosão de tiros nunca chega a acontecer. O russo compreende no último instante que tudo não passa de tortura psicológica, um castigo para compreender o que acontece a quem desobedece às normas. É-lhe então dada a conhecer a verdadeira sentença: quatro anos de trabalhos forçados na Sibéria, seguidos de seis anos de serviço militar obrigatório.
O traumático evento tem um grande impacto no escritor. Outrora insubmisso e idealista, passa a adotar uma filosofia mais conservadora. Decide que pensamentos radicais compreendem graves perigos e resolve denunciá-lo numa história sobre um homem que cede ao que chama “ideias estranhas e incompletas [que] flutuam pelo ar”. Este homem é Raskólnikov, um ex-estudante atormentado por dificuldades financeiras que decide assassinar uma velha endinheirada, julgando ter a razão do seu lado se apenas usar os proveitos para motivos nobres.
Originalmente publicado em folhetins mensais ao longo de 1866, o romance a que Dostoiévski dá o título de Crime e Castigo reflete a sua própria transformação ideológica mas também a facilidade com que um homem pode sucumbir a falsas premissas para justificar atos imorais. Um problema que hoje se mantém tão ou mais atual do que há 150 anos.
Sabia que…
Crime e Castigo influenciou inúmeras obras literárias mas também outros tipos de arte. Woody Allen, em particular, aponta o romance de Dostoiévski como inspiração para três dos seus filmes: Nem Guerra, Nem Paz (1975), Crimes e Escapadelas (1989) e Match Point (2005).
Por: Tiago Matos